A Pirata
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Enquanto nossa tripulação lutava com os piratas, eu me escondi em minha cabina, covarde e inútil que sou. De repente, o barulho acabou, eu não sabia quem tinha ganho a batalha, até que minha porta se abriu, dois piratas enormes entraram, me pegaram pelos ombros e me arrastaram para fora, eu ainda agarrado ao pequeno baú com todas as minhas posses, jóias valiossíssimas.
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No convés, a mulher mais linda e imponente que eu já tinha visto, uma bela pirata, longas botas, seios fartos, lenço ao pescoço, roupas rasgadas e algo ensanguentadas, mas nenhum arranhão em seu corpo. O sangue era de outros. Sua espada vermelha em uma mão, uma farta caneca de cerveja na outra. A deusa-pirata estava celebrando sua vitória.
Eu vinha com a cabeça cheia de planos, desculpas, coisas para falar, tratos, pedidos, mas na hora em que vi aquela deusa, nada mais me passou pela cabeça. Fiquei totalmente avassalado.
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- Claro que é, seu idiota. - Ela respondeu, rindo. - Todos os marinheiros lutaram bravamente. Alguns morreram, outros se juntaram à minha tripulação. Só você se escondeu como um verme. E vai morrer como um verme. - E gritou para a tripulação: - Preparem a prancha.
Eu não sabia o que fazer. Não queria nem viver. Queria apenas ficar perto daquela deusa. Abaixei minha cabeça e comecei a beijar e lamber suas botas sofregamente, enquanto as lágrimas me escorriam pelo rosto. Alguns piratas tentaram me tirar dali, mas ela disse:
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- Deixem o verme me adorar. Eu mereço. E é a última coisa que ele vai fazer. - E levantou a ponta da bota, apoiando-a no calcanhar: - Lamba a sola, verme. É onde está a sujeira, o que você merece.
Irromperam dezenas de gargalhadas e percebi que eu não era de fato nada. Achei que valia mais, que era o mais rico, mas de que adianta? Diante de uma deusa daquelas, nada adianta.
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- Chega, verme. Atire-se na água pra minha diversão.
Mais uma vez, os piratas vieram me segurar, mas ela impediu: - Não precisa. O verme vai por conta própria. Não é, verme?
Ela me pegou pelo queixo e me levantou, e só aquele breve tocar de nossas peles já foi o maior prazer da minha vida: - Ele vai se jogar no mar porque isso vai me divertir e ele quer me ver
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Balancei a cabeça, em silêncio, e ela riu uma nova gostosa gargalhada enquanto me dava um tapa:
- Assim que eu gosto. Bom verme. Agora, vá.
Lentamente, de costas, sempre olhando pra ela, eu subi na prancha, caminhei lentamente, e fiquei em pé, bem na ponta, olhando pra ela. Não sabia o que fazer. Não tinha mais vontade. Só sabia que tinha que obedecer qualquer coisa que aquela deusa do mal me ordenasse.
Ela apontou sua belíssima mão pra mim e fez um gesto como de quem dá um peteleco em um mosquito e, meu corpo totalmente fora do meu controle, pulei.
A última coisa que ouvi, antes do splash na água, foi sua deliciosa gargalhada.
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