22.3.09

Perfis Virtuais e Pessoas Reais

Outro dia, uma giganta malvada que conheci pelo Orkut veio me contar que estava saindo dessa vida, que os homens só a usavam pra uma gozada fácil pela internet e que se sentia o objeto sexual deles - e não vice-versa, como deveria ser, claro.

Essa moça, por exemplo, como muitas outras, tem um perfil especialmente para o fetiche (no seu caso, de giganta, mas poderia ser crush, dominação, o que for). O seu perfil não contém fotos suas, a sua cidade natal ou nada de pessoal. Depois de conhecê-la pelo Orkut, trocamos MSN e seu MSN também foi criado especialmente para esse fetiche - não é seu MSN pessoal. Conversamos várias vezes, fizemos role-plays de giganta e ela me esmagou bastante. Apesar disso, nunca conseguimos falar sobre nada pessoal. Enquanto meu MSN é o meu nome de verdade, e tem uma foto minha de verdade, ela nunca revelou nenhuma informação pessoal. Nunca se apresentou como uma pessoa, somente como uma giganta má. Estritamente falando, não posso nem mesmo ter certeza de que seja verdadeiramente mulher (acho que sim), mas esse não é o ponto.

Já conversei com muitas mulheres dominadoras, malvadas e gigantas que chegaram em mim por outros meios (que não cabe revelar assim publicamente),mas que eram pessoas que sabiam meu nome de verdade e eu sabia os delas já quando começamos a conversar sobre esses fetiches. Com elas, eu brinco de fetiche e de maldade, mas também sei sobre suas vidas e seus trabalhos, também conversamos sobre o mundo real. É uma relação fetichista mas REAL.

A maioria das pessoas que brincam desses fetiches pelo Orkut se escondem completamente. Adotam uma persona e nunca saem dela. Já brinquei de muitas maldades e fetiches deliciososs com mulheres que conheci pelo Orkut, mas no momento em que tentei falar de coisas reais, discutir a vida real e não só fetiches, talvez trocar telefones e se encontrar, elas fogem. Não querem se mostrar. Não querem falar de nada a não ser do fetiche.

O problema disso é um só: assim, nunca se tornam pessoais reais na cabeça dos outros, dos seus interlocutores, dos seus conhecidos de Orkut.

Uma coisa é a GarotaMalvada, de quem nunca vi foto, que não sei quem é, de onde tecla, ou quantos anos tem. Conversamos sempre pelo Orkut e por MSN, ela me excita e eu acho que a excito, trocamos fantasias deliciosas, mas eu não sei nada sobre ela. Nunca vi nem foto. Se ela quiser sumir, nunca terei nem como entrar em contato. É difícil de respeitar uma pessoa assim enquanto ser humano porque ela mesma não se apresenta como ser humano, mas como um ser 100% virtual, inexistente como pessoa, existente somente como persona (a giganta má, a dominadora, etc).

Outra coisa é a Claudia Almeida, 32, de São Paulo, professora primária que adora se imaginar giganta malvada, que conheci pelo Orkut, mas que logo trocamos MSNs, fomos nos conhecendo melhor, trocamos o nosso Orkut verdadeiro, sabemos os endereços dos blogs não-fetiche de um e de outro, continuamos conversando sobre nossos fetiches e continuamos nos excitando, mas também falamos de trabalho, de vida, de namorados e namoradas, e de trânsito. talvez até conversando no telefone, ou se encontrando pessoalmente, se quisermos levar a relação a esse ponto.

O que eu disse à minha amiga desiludida é: "os homens só te vêem como objeto sexual porque você só se mostra como objeto sexual. Já conversamos diversas vezes e já nos excitamos muito com nossas brincadeiras de gigantas más, mas não sei nada sobre a verdadeira você. Você nunca se mostrou, nunca se revelou, nunca se apresentou como "humana", somente como a giganta má da fantasia que compartilhamos e pronto. Então, se você só se apresenta sempre assim, acaba sendo inevitável que muitos homens te tratem mesmo só como objeto sexual, pra uma gozada rápida e pronto."

Estou há dois anos no Orkut, falando com mulheres malvadas, dominadoras e gigantas. Não é à toa que a única que acabei encontrando pessoalmente, e se tornando minha amiga, foi aquela que, já na segunda conversa no MSN, me passou seu Orkut e MSN verdadeiros, e rapidamente abandonamos nossas personas e nos tornamos somente duas pessoas, reais, amigas, e que tinham o mesmo fetiche.

Nossos fetiches não precisam ser somente virtuais. Nossa vida pode ser muito mais interessante se trouxermos nossos fetiches para ela. Não entendo essas pessoas que gostam de uma coisa, e só a praticam no Orkut e no MSN com desconhecidos, mas tem vidinhas completamente baunilhas e normais com seus namorados reais e oficiais. Eu tenho meus fetiches, e gosto muito deles. Todas as mulheres que namorei, e a com quem acabei casando e separando, compartilhavam meus fetiches e se empolgavam muito com eles.

Mas para trazer nossos fetiches para nossas vidas, é preciso começar a se mostrar. Com cautela, claro. Pouco a pouco. Mas se mostrar.

Senão, depois, ficaremos como minha amiga, que sempre se apresentou somente como um objeto sexual virtual e, agora, reclama que os homens a vêem somente como um objeto sexual virtual.

4 Comentários:

Blogger atmen disse...

Não posso me alongar,mas essa questão é universal e fundamental nas discussoes sobre perversoes e desejos e gostaria de deixar meu breve comentário.
A questão toda ,na minha opinião,gira em torno do "proibido".Do prazer da clandestinidade e viver essa experiencia assim.Por isso nem todos conseguem viver isso plenamente na luz,ou deixa de ser tão prazeroso.Por cultura ou medo,tanto faz.Perversão pra ser boa tem de ser feita escondida e gerando cumplicidade da coisa "proibida" ou "escandalosa".Não quero entrar no mérito se isso é correto ou não,saudável ou não.Apenas contribuir com o debate em torno das "miopias" que a relação da perversão traz.

9:53 PM  
Blogger Danielle com 2 elles disse...

Olá Pedro, vi seu comentáriona comunidade Dominadoras Jovens e vim aqui ler o que escreveu. Gostei. Eu deletei o meu orkut fake, mas por um motivo diferente, na época ninguem queria sair do virtual. Levei muitos "bolos" nos encontros marcados. Quero postar seus comentários no meu blog (www.daniellecom2elles.com.br). Caso queria ler o que publiquei sobre o orkut fake, acesse meu blog antigo (daniellecom2elles.zip.net). Gosto desse tema. Acho que vai dar muito o que falar.

1:23 PM  
Anonymous Anonymous disse...

Obrigado esta aqui!!! :) Vamos juntos entrar no mundo do fetiche!!! Voce acaba de encontar a mulher dos seus sonhos!!!

Sou Duda bumbum GGG 1.89 de altura sem salto Acompanhante cavalona, mulherão, altona, grandona e lindissima.Garota gigante: coxas grossas e gigantes, peitão, bundão
enorme.Mulher gigante.tenho 28 anos Carinhosa e liberal. Tambem disponivel para dominação e podolatria e lutas.
011-8848-9828

www.dudagiganta.blogspot.com

2:50 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Bom, eu concordo com tudo que vc disse. Até pq, como eu já te falei, eu não gosto de compartimentar a minha vida, não tenho só uma relação sexual com alguém , mas uma relação, ponto. E uma relação é algo muito mais rico que um nicho, que uma trepada, ainda que virtual. Eu me apego e gosto de ter a pessoa a minha vida.

Segundo ponto é que eu tb não me "compartimento", no sentido de que não há um eu para cada relação social que possuo, há apenas um eu, fluido até, e cuja profundidade e faceta eu mostro conforme a minha vontade. Mas sempre um eu, penso que essa integridade é importante, é essencial. Sou dominadora não apenas no msn, mas evidente que a intensidade das minhas "maldades" varia com a circunstância. A minha maldade no trato social e imediato com as pessoas é outra, mas sou uma pessoa intensa, seja no msn seja ao vivo.É intensidade, não uma "parte". Se eu fosse uma pessoa docinha fora do msn provavelmente eu teria um problema mental,multiplas personalidades, sei lá, assim como eu teria um problema mental se achasse que posso de fato objetificar o outro como eu faço nas fantasias. Mas , em resumo (depois desse comentário gigante) é isso: ser kinky é uma parte de mim, uma parte importante. Ser intensa também, é como eu sou, é a minha essência.

Tem coisas que pertencem ao plano imaginário, fantasias multiplas. Mas a mente que as concebe é uma só, com endereço e cpf.

Evil Queen

8:04 PM  

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